Uma recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) trouxe um reforço importante para os direitos dos consumidores que contratam empréstimos com bancos e financeiras. O Tribunal decidiu que não é permitido à instituição financeira compensar valores que deve devolver ao cliente com parcelas futuras ainda não vencidas.
Isso significa que, se a Justiça reconhece que um banco ou financeira cobrou valores indevidos em um contrato, esse valor deve ser devolvido ao consumidor — e não pode ser “abatido” automaticamente das parcelas que ainda vão vencer.
Entenda o caso
No processo analisado (REsp 2.137.874), uma consumidora entrou com ação de revisão contratual, alegando que o contrato de empréstimo continha cláusulas abusivas. O juízo entendeu que, de fato, houve cobrança indevida e determinou que o valor fosse devolvido à cliente. Porém, autorizou a compensação dessa quantia com parcelas do contrato que ainda iriam vencer.
O caso chegou ao STJ, que reformou a decisão. A relatora, ministra Nancy Andrighi, explicou que esse tipo de compensação só é permitido quando se trata de dívidas vencidas, líquidas e certas, como prevê o Código Civil (artigos 368 e 369).
Por que essa decisão é importante?
A decisão evita que o consumidor seja prejudicado em situações nas quais, mesmo tendo direito à devolução de valores, acaba não recebendo nada de volta porque o banco simplesmente compensa com valores que ainda nem foram cobrados.
Segundo o STJ, permitir essa prática poderia “esvaziar” o direito do consumidor, especialmente em contratos bancários de longa duração — como os empréstimos parcelados.
O que o consumidor deve saber?
Essa decisão reforça que o consumidor tem direito à devolução dos valores cobrados indevidamente, e que isso deve ser feito de forma clara e correta, sem que a instituição financeira tome medidas unilaterais, como compensar com parcelas futuras.
Contudo, é importante lembrar que cada situação deve ser analisada individualmente, pois contratos bancários possuem cláusulas específicas, e os direitos do consumidor variam conforme o caso.
Importância de orientação jurídica
Caso você esteja em dúvida sobre cobranças em contratos de empréstimo, ou desconfie de juros abusivos e outras irregularidades, o mais indicado é buscar orientação jurídica qualificada. Um profissional poderá avaliar o contrato com atenção, indicar se há abusividades e orientar sobre os caminhos legais mais adequados.
Buscar apoio jurídico é a melhor forma de garantir seus direitos, evitando prejuízos e decisões unilaterais por parte das instituições financeiras.
Fonte:
Superior Tribunal de Justiça – Financeira condenada a devolver dinheiro a consumidora não pode compensar obrigação com parcelas não vencidas
(REsp 2.137.874 – Publicado em: www.stj.jus.br)